Em São Paulo, assistência judiciária
sempre foi efetiva
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Ao
completar 60 anos de serviços prestados à população
paulista, a assistência judiciária despede-se da PGE, com o
sentimento de dever cumprido. A partir da criação da
Defensoria Pública, por meio da Lei Complementar n° 988 (de
09/01/2006), iniciou-se um processo de transição da
atividade para a nova Instituição. A Resolução Conjunta
PGE/DP n° 1 (de 07/02/2007), definiu a transição em duas
etapas: a primeira foi encerrada em 31/05 e a segunda
findar-se-á em 30/09. A Resolução PGE nº 13 (de
21/02/2007), por sua vez, dispôs sobre a prestação dos
serviços de assistência judiciária, a quantidade de
procuradores e as unidades de atuação. Na entrevista a
seguir, a subprocuradora geral da área, Maria Helena Marques
Braceiro Daneluzzi, fala sobre a importância da PAJ para um
acesso mais democrático, efetivo e equânime à justiça
pelos cidadãos. |
JP – A tardia
criação da Defensoria Pública em São
Paulo impediu a prestação de uma assistência judiciária
adequada?
Maria Helena
Braceiro Daneluzzi – A
assistência judiciária sempre
existiu no Estado de São
Paulo, com os procuradores desempenhando todas
as funções constitucionais. Atuo há
20 anos na área – dois como estagiária e 18 como
procuradora – e pude testemunhar que o
trabalho dos procuradores da PAJ sempre foi reconhecido
e elogiado. Com muito orgulho, sempre
notamos a nossa capacidade de alterar políticas
públicas. A luta pela cidadania transcende o
campo institucional, muito além da PGE ou
da Defensoria Pública. Faço votos – e tenho a
certeza – que os defensores continuarão com a mesma
excelência e abnegação dos procuradores de
Estado. As duas instituições terão uma eterna ligação,
pois a Defensoria Pública nasceu da PGE.
A defesa do
interesse público será reforçada com essa
coexistência. Por outro lado, acredito que os procuradores
oriundos da AJ trarão novas perspectivas à
carreira, com uma visão diferenciada para
o enfrentamento dos desafios. Doravante, a assistência
judiciária será gerida por defensores públicos,
integrantes de uma carreira construída nos
moldes constitucionais que, indubitavelmente, continuarão
o caminho já trilhado pela PGE.
Contudo, sinto tristeza ao encerrar uma atividade
da qual participo há muito tempo. As palavras
“encerramento” e “adeus” provocam um sentimento
forte, mas os colegas certamente se adaptarão
plenamente nas novas áreas.
JP – A PAJ sempre
teve plena autonomia?
Maria Helena
Braceiro Daneluzzi – A
nossa independência sempre foi
total. Em 1993, a criação do
Setor de Fazenda Pública só veio reforçá-la. As ações
eram propostas contra o Município, o Estado e
a União com total liberdade. Nunca houve interferência. De
forma geral, movemos ações referentes à saúde,
à habitação, à cidadania, à educação etc. De forma
mais específica, atuamos nos episódios do Carandiru,
explosão de Pirituba, da Favela Naval, ações
de medicamentos, Edifício São Vito, enfim em
casos relevantes para a sociedade paulista.
JP – Como
efetivamente ocorreu o período de transição?
Maria Helena
Braceiro Daneluzzi – Durante
a primeira fase, encerrada no final de
maio, 265 procuradores
continuaram na assistência judiciária. Até
o término, em 30 de setembro, 60 colegas permanecerão
na AJ. Nesse período, os procuradores realizaram
– e realizarão – um competente trabalho.
O relacionamento com os defensores públicos
sempre foi excelente, até porque não houve
alteração nas rotinas de trabalho. Não tivemos
nenhuma ingerência nas políticas que a Defensoria
Pública quis implementar. Além disso, a
publicação da Resolução Conjunta PGE/DP n°
1 (de 7/02/2006) e da Resolução PGE nº 13 (21/02/2007)
tranqüilizou os procuradores. Não poderia
deixar de agradecer o apoio dos colegas Cláudia
Aparecida Cimardi e Décio Grisi Filho, integrantes
da Subprocuradoria de Assistência Judiciária;
aos chefes da PAJ, Olavo Pezzotti, e Criminal,
Marily Diniz; e aos chefes das Procuradorias Regionais;
aos funcionários da PGE, que até
janeiro continuarão na Defensoria Pública; e aos
procuradores de Estado pela valiosa cooperação. Gostaria
de agradecer, especialmente, ao procurador
geral Marcos Nusdeo, pela confiança depositada
e o apoio na implementação das resoluções mencionadas,
vitais para a transição.
JP – Como será
conduzida a 2a fase da transição e
como atuarão os procuradores remanescentes?
Maria Helena
Braceiro Daneluzzi – Ocorreram
remoções internas e os procuradores
ficarão nas unidades centrais.
Na PAJ Cível, por exemplo, os
procuradores permanecerão no prédio da Av. Liberdade.
Na Criminal, a presença será mais efetiva
no Fórum Criminal da Barra Funda. No interior,
também tivemos oportunidade de fazer remoções
e os colegas trabalharão nos locais por eles
escolhidos. Provavelmente, vamos editar algumas
novas resoluções, para ultimar a desativação dos
trabalhos realizados pela PGE na área da
assistência judiciária.
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