No ar, a emoção do reencontro, as lembranças dos velhos
tempos, os longos abraços para compensar o tempo afastados.
Numa quente noite de quarta-feira, 10 de novembro, o Centro
Sociocultural da Apesp reuniu, em homenagem, os bravos colegas
que aprovados, há 50 anos, no primeiro concurso público
realizado para a carreira. Foram 55 os homenageados (veja box).
O presidente da Apesp, José Damião de Lima Trindade, ressaltou
a honra da entidade ao receber a turma de 54. "Recebam hoje
a nossa mais sincera homenagem. Costumo dizer que a turma de
1954 simboliza o ingresso da PGE na sua fase republicana, pois
foi a primeira turma a adentrar nossa instituição mediante
concurso público." Antonio Maffezoli, presidente do
SindiproesP, também saudou os colegas. "Não estaríamos
aqui se não fossem vocês. Parabéns e obrigado pelo exemplo e
pela dedicação."
Um a um, os procuradores
foram chamados e homenageados. Todos receberam uma estatueta de
bronze, simbolizando um abraço, boa analogia para a união na
carreira. Fábio Carlos Lorenzi falou em nome dos colegas da
turma de 54. "Esse é um momento de grande significação.
Aqui estão irmãos de luta na nossa atuação pela carreira de
procuradores. Que Deus nos ajude na nossa caminhada pela
equiparação com as demais carreiras jurídicas", disse o
procurador, disposto a mais uma luta. Lorenzi ocupou diversos
cargos na PGE e na Apesp, da qual foi presidente entre 1994 e
1996.
Disposição também tem
de sobra o colega Nélio Chagas de Moraes, que do alto dos seus
85 anos afirma que o segredo está em gostar da vida. "E de
mim. Sempre vivi o meu tempo e isso é muito importante, saber
que seu tempo é limitado." Nélio formou-se em 1947, na
Faculdade de Direito do Largo São Francisco, e diz que a
advocacia é uma linda profissão. "Somos as sentinelas
avançadas do regime democrático." Na memória, a certeza
de que o ingresso dos "advogados militantes", em 1954,
trouxe mais energia à Procuradoria. "Mudamos um
comportamento burocratizado, que estava arraigado na Advocacia
do Estado."
A advocacia é a paixão
de Adla Haddad que continua na ativa, com dois escritórios.
Tanto trabalho, não permite observar o tempo que passa.
"Quando recebi o convite, achei que nem era comigo. Não
acreditava que já fazia 50 anos", conta a procuradora.
Bem-humorado, Plínio
Rezende comemorava a vida. "É uma festa maravilhosa, que
nem sei se merecemos. Muito de nós tiveram a sorte de não ter
morrido ainda", brincou. "Fico orgulhoso de ter uma
Associação tão linda, que proporciona uma reunião como essa
onde podemos encontrar os antigos colegas." Rezende atuou
ao lado de Fábio Lorenzi, em 1958, na Assistência Judiciária
de Santos, no gabinete do governador Carvalho Pinto, em 1962, e
também na PAJ Criminal, onde foi chefe durante muitos anos. De
1954, resta o orgulho de ter ingressado numa carreira que
considera "formidável".