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                  Só um
                  administrador venal não 
                  compreende a importância da PGE
                   
                  
                   
                  
                   
                  Plínio
                  de Arruda Sampaio 
                   
                    
                  
                    
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                  Coligação: Frente de Esquerda por
                  São Paulo (PSTU/ PCB/ PSOL) 
                  Naturalidade: São Paulo, SP (nascido
                  em 26/07/1930) 
                  Partido: PSOL 
                   
                  Formação profissional: advogado 
                  Cargos anteriores: deputado federal 
                  Candidato
                  a vice-governador: 
                  Mauro Luís Iasi (PCB) 
                  
                       | 
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                  JP
                  – Na avaliação do senhor, o que a Procuradoria Geral do
                  Estado representa para a Administração estadual e para a
                  preservação do interesse público?
                  
                   
                  Plínio
                  de Arruda Sampaio – A PGE é uma instituição estratégica
                  para o Estado Democrático e Social de Direito. Ela, por um
                  lado, defende o patrimônio público nos tribunais e fora
                  deles, de muitas maneiras: combate a sonegação e aumenta a
                  receita pública ao arrecadar judicialmente a dívida ativa
                  tributária e não-tributária, preserva o meio-ambiente em
                  processos contra devastadores de florestas e poluidores de
                  mananciais, evita assaltos ao erário, ao contestar ações de
                  empresas inescrupulosas, e por aí vai. Os procuradores atuam
                  em mais de um milhão de processos judiciais em nosso Estado.
                  Por outro lado, a PGE, realiza o imprescindível trabalho de
                  advocacia preventiva, emitindo perto de 15 mil pareceres jurídicos
                  por ano para orientar a ação de agentes públicos de todos
                  os níveis da Administração, em todas as Secretarias – uma
                  enormidade! Sem essa advocacia consultiva, seriam ainda
                  maiores as violações aos princípios da legalidade e da
                  indisponibilidade do interesse público. Só um administrador
                  antidemocrático, ou venal, ou politicamente obtuso, não
                  compreenderia isso. Aliás, nestes tempos de terceirização
                  do Estado, há apetites de todo tipo interessados em
                  enfraquecer essa instituição de defesa do interesse público.
                  
                   
                  JP
                  – Nos dois últimos anos, a atuação dos procuradores com a
                  arrecadação da dívida ativa rendeu ao erário estadual mais
                  de R$ 1 bilhão de reais, apesar da precariedade de
                  infra-estrutura material e de serviços de apoio. Além disso,
                  a PGE conseguiu suspender e reverter significativas condenações
                  judiciais em precatórios não-alimentares, gerando uma
                  economia de cerca de R$ 3,5 bilhões para os cofres públicos.
                  A partir dessas informações, quais ações o senhor adotará
                  para aperfeiçoar a PGE e valorizar a atuação dos
                  procuradores de Estado?
                  
                   
                  Plínio
                  de Arruda Sampaio – Antes de mais nada, ouvirei os próprios
                  procuradores. Constituirei grupos de trabalhos temáticos para
                  chegar a medidas concretas e práticas capazes de liberar as
                  energias represadas dessa instituição: agilização da
                  arrecadação da dívida ativa, desburocratização das
                  rotinas do contencioso judicial, descentralização da decisão
                  sobre interposição de recursos, informatização intensiva,
                  bancos de dados de pareceres e de jurisprudência, retaguarda
                  administrativa para que os procuradores se concentrem em
                  tarefas jurídicas etc. Só para exemplificar: é um desperdício
                  continuar obrigando os procuradores a interporem recursos
                  intermináveis sobre teses amplamente derrotadas no STJ e no
                  STF, entupindo as veias do Poder Judiciário com processos de
                  antemão perdidos. É preciso sumular administrativamente tudo
                  isso, para que os procuradores possam se dedicar aos assuntos
                  de real interesse da coletividade.
                  
                   
                  JP
                  – Qual a opinião do senhor sobre a proposta de democratização
                  da PGE, por meio da escolha do procurador geral pelo
                  governador, a partir de lista tríplice eleita pela Carreira,
                  assim como sobre a previsão de autonomia funcional e orçamentária
                  para a Instituição?
                  
                   
                  Plínio
                  de Arruda Sampaio – É fundamental democratizar. Na
                  magistratura, o presidente do TJ é eleito, e ninguém pensa
                  em retroceder nessa conquista. Quanto à autonomia para as
                  PGEs, devo recordar que, de tão consensual, já havia sido
                  aprovada na Câmara dos Deputados em 2001 – e por acordo
                  entre as lideranças partidárias. Mas essa proposta foi
                  derrotada no Senado.
                  
                   
                  
                   
                  JP
                  – A Lei Orgânica da PGE (Lei Complementar n. 478, de
                  18/07/1986) celebrou recentemente 20 anos de existência.
                  Nesse período, a realidade da Instituição e as demandas da
                  Carreira se modificaram profundamente. Qual a opinião do
                  senhor sobre a elaboração de uma nova LO, debatida com toda
                  a Carreira?
                  
                   
                  Plínio
                  de Arruda Sampaio – Tenho notícia de que, entre 2003 e
                  2005, a PGE fez um grande esforço para produzir um novo texto
                  legal modernizador da sua estrutura e do seu funcionamento.
                  Foram reunidas centenas de sugestões do comando da instituição,
                  da entidade representativa dos procuradores e dos membros da
                  carreira. Mas todo esse trabalho foi simplesmente engavetado,
                  nem chegou a se transformar em projeto de lei. Um desperdício.
                  É claro que retomarei essa questão!
                  
                   
                  JP
                  – No ano de 2000, a paridade remuneratória entre
                  procuradores de Estado, juízes e promotores foi quebrada.
                  Este fato tem criado vários problemas à PGE, como a migração
                  de procuradores para outras carreiras jurídicas. No atual
                  governo, foi implantada uma sistemática remuneratória de
                  revalorização anual da verba honorária, proporcional ao
                  aumento da sua arrecadação, com o objetivo de recuperar a
                  paridade remuneratória até o final de 2006. Qual será a política
                  remuneratória de seu governo para os procuradores?
                  
                   
                  Plínio
                  de Arruda Sampaio – Uma mesa não se equilibra em pé se uma
                  de suas pernas for muito mais curta que as demais. A Constituição
                  Federal, em seu capítulo V, inseriu as PGEs dentre as funções
                  essenciais à Justiça. Depois, apesar da contra-reforma de
                  previdência empreendida pelo Lula, o artigo 37, inciso XI da
                  Constituição fixou um mesmo subteto remuneratório para
                  todas as carreiras jurídicas estaduais. É óbvio, portanto,
                  que são carreiras da mesma importância institucional. Mas a
                  Emenda Constitucional n. 19 – aquela do FHC – proibiu a
                  vinculação entre remunerações no serviço público. Por
                  isso é que hoje só se pode falar em “paridade” remuneratória
                  entre as carreiras jurídicas nos Estados. Nem precisa haver
                  permanente identidade matemática, mas é necessário que haja
                  real e contínua proximidade na remuneração paga aos
                  magistrados, aos membros do Ministério Público e aos
                  procuradores do Estado. Se a disparidade for acentuada, como
                  é hoje, leva à evasão de cérebros de uma carreira para as
                  demais, como também acontece hoje. O governo paulista do PSDB
                  cassou essa paridade no ano 2000. Depois, o governador Geraldo
                  Alckmin prometeu restituí-la – mas saiu do governo sem
                  entregar o que prometeu. Essa é uma escolha política do
                  governante: valorizar ou não uma carreira essencial ao Estado
                  Democrático e Social de Direito. Eu escolherei valorizar. 
                   
                  
                  
                  
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