A Carreira e os
subsídios
O instituto remuneratório
dos subsídios se oferece aos nossos olhos como a ameaça milenar da esfinge
da mitologia grega. A esfinge atemorizava os tebanos, propondo-lhes o
desafio: “decifra-me ou te devoro”. No caso de insucesso, a esfinge devorava
os que não sabiam responder ao enigma proposto.
Da mesma sorte, a nossa
carreira, colocada diante do polêmico e desafiador enigma dos subsídios,
propôs-se, antes de tudo, a conhecer o polêmico instituto de direito
público. Esse conhecimento se deu ao longo de diversas assembléias,
realizadas sob o patrocínio da Apesp e que, sem embargo dos calorosos
debates, transcorreu num clima democrático de ordem e absoluto respeito. Ao
cabo dos trabalhos, que se prolongaram por vários meses, ficou a impressão
de que o enigma acabou por ser desvendado pela carreira. Ato contínuo, o
tema foi submetido à votação de todo os procuradores presentes à AGE
realizada no último dia 24 de agosto, que houve por bem preservar o atual
sistema remuneratório de valorização periódica da verba honorária.
Que dizer a todos os
nossos colegas, após o encerramento dos trabalhos da assembléia que debateu
um dos mais instigantes temas da nossa carreira? Que prevaleceu o bom senso
e a solução mais sensata, pois a carreira não pode abrir mão de um regime
remuneratório conquistado com muito sacrifício e cujo sucesso foi comprovado
ao longo do tempo, até a presente data? Que a decisão assemblear foi um
desastre, pois traz ínsito um retrocesso, capaz de impedir ou retardar a
ascensão dos mais jovens aos quadros mais hierarquizados, não podendo, por
isso, ser utilizada para nortear o futuro da nossa carreira? Que a migração
para o regime de subsídio poderia significar um “salto no escuro”, pois
ninguém se aventura a fazer predições a respeito dos desígnios dos
detentores da vontade política? Que a carreira estaria perdendo a
oportunidade histórica de acompanhar os passos da magistratura e do
ministério público, pois, por um determinismo administrativo, vivemos sob a
“ditadura dos bacharéis em direito” e o que é bom para essas carreiras
jurídicas é bom para a nossa...Tendo presente o reduzido espaço de que
disponho nesta revista, reservado ao editorial, permito-me omitir todas as
opiniões, pontos de vista, inclusive desabafos, colhidos após o encerramento
do conclave, favoráveis ou contrários à decisão soberana da AGE.
De todo modo, não me
parece construtivo fechar este capítulo utilizando o clichê de que a
carreira sai dividida da conturbada assembléia. Dizem que, numa tempestade
todo porto é seguro. Para não sermos colhidos nem ludibriados pelos ventos,
lançamos nossas âncoras no porto que, nas atuais circunstâncias, se oferecia
como o mais seguro. No entanto, ninguém ignora que nossa permanência neste
porto é temporária. Ao primeiro sinal de perigo, a carreira estará unida e
coesa, como sempre esteve, em defesa de suas prerrogativas e no momento
adequado saberá reunir as energias necessárias para rever a atual estratégia
e avançar. Afinal, como dizem os poetas, navegar é preciso e viver, é lutar.
Zelmo Denari
PRESIDENTE DA APESP
Crônicas da PGE
A seção
“Crônicas da PGE”, publicada nas edições do Jornal do Procurador, já é
um sucesso. A APESP convida os colegas a resgatarem a memória
da PGE. O mote dos textos – que não poderão exceder 4 mil caracteres
(com espaçamento) – deve estar relacionado com histórias, casos e
experiências vivenciadas pelos procuradores, quando da sua atuação na
PGE. Participe você também, enviando seu artigo. O endereço eletrônico
da seção é
jornaldoprocurador@apesp.org.br
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