Editorial
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Tempestade de areia
sobre o deserto
Temos
o que comemorar: após quase 600 dias de espera angustiante, finalmente
foram nomeados nossos novos colegas procuradores e procuradoras!
E que ninguém duvide: eles chegam com a garra de quem já veio lutando
muito por seus direitos. Nos 19 meses entre sua aprovação e nomeação,
fizeram diversas reuniões gerais, valorosos líderes despontaram entre
eles, mantiveram-se em comunicação constante mediante um grupo de debates
que criaram na internet, compareceram coletivamente, mais de uma vez, aos
gabinetes dos deputados estaduais e ao plenário da Assembléia Legislativa
(eram mais de 100, numa das ocasiões), realizaram ato público – na
presença do governador – frente ao Gabinete da PGE, estiveram presentes
na maioria das sessões do Conselho durante esse longo período, remeteram
cartas e mensagens eletrônicas à imprensa e a autoridades, deram
entrevistas a órgãos de comunicação social – mobilizaram-se, foram à
briga coletiva.
Por fim, venceram! Bom para eles, ótimo para a luta permanente de nossa
carreira: essa nova geração já vem experimentada no combate. Nada de
cruzar os braços e esperar que outros lutem por eles: essa, a lição que
aprenderam, praticaram e nos ensinam.
Agora, é retomar a luta
dentro de nossa casa – antes de qualquer coisa, pela dignidade
remuneratória de nossa carreira, porque sem essa espécie de dignidade, a
nossa dignidade toda se enfraquece. Em julho, malgrado as férias de grande
parte de nossa carreira, perto de 40 procuradores compareceu à Assembléia
Legislativa e entregou um manifesto-denúncia aos deputados de todos os
partidos (ver texto à página 8 desta edição).
Em breve, no dia 11 de
agosto, promoveremos uma "pausa" em nossos trabalhos para,
coletivamente, reiterar nosso inconformismo com o "reajuste zero",
que rompeu o "plano" acordado em 2002 entre o atual PGE e o
governador para a reposição gradativa da nossa paridade remuneratória com
a Magistratura e o MP.
Retomando a lição dos
"novos": nada de desânimo, nada de resignação, devemos
protestar mais, reivindicar mais, denunciar mais, insistir, persistir,
machucar mesmo os tímpanos dos que supuserem que, fazendo ouvidos de
mercador, abaterão nossa vontade. Nenhum governante, nenhum dirigente de
instituição alguma, consegue fingir-se indefinidamente de
"morto", ou manter a rota estacionária pela qual conscientemente
optou, ou manter-se muito mais tempo no comando da situação, se for
mantido sob pressão – sob pressão coletiva, sob pressão de formas
variadas, conforme as condições específicas de cada unidade.
Somos muitos, nosso
trabalho é de relevância estratégica para o Estado, e cada um de nós, em
nossos locais de trabalho, sabe muito bem como fazer entrar areia nas
engrenagens do conformismo a que nos querem induzir.
Se todos, e cada um de
nós, lançarmos nessas engrenagens um punhado de areia, faremos erguer-se,
aos poucos e em pouco tempo, uma verdadeira tempestade de pó, indicando que
não aceitamos a opção de estacionar no deserto. Daí, quem teimar em
manter a caravana nesse rumo, será forçado a repensar e reconhecer a
necessidade de mudar a rota.
Talvez neste próximo dia
11 de agosto nossa tempestade de areia já comece a toldar a linha do
horizonte. Depende de nós não aceitarmos permanecer no deserto!
José Damião de Lima
Trindade
Presidente da Apesp
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