ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO ESTADO DE SÃO PAULO

 


 

Editorial ______________________________________________________________________

Primavera,na luta !


Nas duas rodadas de negociação salarial mantidas em junho com o governo do Estado, a diretoria da Apesp insistiu, dentre outros, nestes quatro argumentos:

.a Constituição Federal, tanto no capítulo concernente às funções essenciais à Justiça, como ao dispor sobre o teto remuneratório do funcionalismo, atribuiu tratamento paritário à Magistratura, ao Ministério Público e à Advocacia Pública; se a administração pública estadual não materializar essa paridade jurídica em remuneração efetivamente paritária, estará convertendo em inutilidades aquelas palavras da Constituição – o que não faz sentido num Estado de Direito;
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o atual governador do Estado concordaria, segundo assevera reiteradamente nosso procurador-geral, com a recuperação da nossa paridade remuneratória com as demais carreiras jurídicas – tanto é que, no primeiro semestre de 2002, ainda segundo nosso procurador-geral, teria estabelecido um "plano" (ou um "acordo") para, gradativamente, mediante reajustes anuais baseados na arrecadação da verba honorária, restituir-nos a paridade até o final de seu atual mandato;
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o resgate de nossa paridade remuneratória não depende de novos aportes de receita (alegação ao restante do funcionalismo), eis que os recursos para suportá-la já estão, literalmente, transbordando do Fundo da Verba Honorária – e nem poderiam ser "empregados" em outras ações, sob pena de a autoridade que o autorizar incorrer em desvio de finalidade;
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por fim, a paridade remuneratória, longe de ser "mera" questão corporativa dos procuradores, assume relevância institucional, pois postergá-la inferioriza a PGE em relação às demais carreiras jurídicas, conduzindo-a ao esvaziamento, à estafa, ao enfraquecimento.

De julho para cá, não ocorreram novos contatos com o primeiro escalão do governo estadual, malgrado tentativas da diretoria da Apesp. De julho para cá, o procurador-geral não arredou pé de suas posições – largamente reprovadas por nossa carreira em duas assembléias gerais da Apesp. De julho para cá, um terço dos colegas aprovados no último concurso simplesmente desistiu de ingressar em nossa carreira – dos 155 aprovados, apenas 105 entraram em exercício, confirmando o prognóstico sombrio.

Mas, para não ser esquecido, registre-se o que pensa o procurador-geral: em junho, ele opinou que o "reajuste" ZERO de 2004 o torna "credor" perante o governo do Estado para, em 2005, obter a recuperação de nossa paridade de uma só tacada.

Antes mesmo de esvair-se por completo este inverno, já corre solto, nos bastidores políticos de São Paulo e Brasília, o rumor de novo reajuste salarial para a Magistratura e o MP. Se concretizado, nossa defasagem em relação a essas carreiras saltaria dos atuais 15%, aproximadamente, para sabe-se lá quanto mais.

Será que o procurador-geral calcula bem o tamanho da "tacada" que precisa desferir? Insistirá novamente em ser protagonista solitário – solitariamente responsável – de um jogo que já não deu certo? Eis uma hipótese arriscadíssima: alguém supor que a indignação de nossa carreira já atingiu o ápice, que nossa reação não se excederia, que assistiríamos doravante, resignados, ao desmoronamento de nossa dignidade. Pois, além de salvar a grande maioria de nós desta progressiva corrosão do poder de compra, trata-se de salvarmos nossa instituição do definhamento e da exaustão – isto só conviria aos apetites venais externos sempre à espreita para assenhorear-se do patrimônio público.

Dentro de poucos dias, a primavera. Mais claridade no horizonte, mais calor em nossos corações. E a luta, sem dúvida, continua, até reconquistarmos a paridade remuneratória – que ninguém duvide!

José Damião de Lima Trindade
Presidente da Apesp

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