ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO ESTADO DE SÃO PAULO

 

   
INQUÉRITO



Delegado conclui inquérito sobre morte de procuradora


O inquérito policial sobre o latrocínio da procuradora do Estado Camila Pires Pereira, de 27 anos, foi concluído pelo delegado assistente do 7º DP, Luiz Eduardo Fiore Maia, e será remetido hoje para a apreciação do Poder Judiciário. Três marginais foram indiciados pelo crime e a autoridade policial requereu as suas prisões preventivas.
  
Os indiciados são Paulo Alexandre da Silva, o Coxinha, de 35 anos; Aldo César da Costa Santos, o Nego Aldo, de 26; e André Luiz Rocha Teles, de 28. Todos residem na Rua Vergueiro Steidel, no BNH-Aparecida, e são acusados de outros crimes. André encontra-se atualmente preso sob a acusação de tráfico de entorpecente e extorsão mediante sequestro.

Com prisão decretada pela Justiça em razão de outro crime, Coxinha encontra-se foragido. Nego Aldo, atualmente, não possui contra si qualquer ordem de captura, mas poderá ter em breve, caso o Poder Judiciário defira o pedido de preventiva feito pelo delegado Maia em razão do latrocínio da procuradora do Estado. Camila foi morta durante roubo na noite de 3 de junho deste ano.

Carro reconhecido

A identificação dos três acusados aconteceu a partir do reconhecimento do carro utilizado no latrocínio. Segundo testemunhas, o autor do disparo que atingiu mortalmente Camila no rosto correu até um Verona, onde pelo menos mais um comparsa o aguardava. No decorrer das investigações, apurou-se que a placa do carro é CXN-0543 e o seu dono, Coxinha.

Utilizado para prática de delitos por várias pessoas ligadas a Coxinha, o veículo costumava ser deixado aberto nas imediações do BNH, ficando a chave escondida em lugar previamente estipulado pelos seus usuários. Policiais da Delegacia Especializada Anti-Sequestro (Deas) elucidaram um caso de extorsão mediante sequestro cometido com o Verona.

A vítima deste crime, além de reconhecer o carro, não teve dúvidas em apontar André como um dos envolvidos no caso. Posteriormente, policiais da Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise) elucidaram um roubo, na Ponta da Praia, no qual também foi utilizado o Verona. Uma testemunha, inclusive, chegou a anotar a placa do veículo, depois encontrado abandonado em Guarujá.

Coincidências

O roubo da Ponta da Praia foi muito importante para fechar o quebra-cabeça em torno do latrocínio da procuradora do Estado, porque ambos os crimes tiveram fatos em comum: vítimas jovens e do sexo feminino, usuárias de ônibus fretado que transportam executivos santistas que trabalham na Capital e, por fim, mesmo veículo usado pelos assaltantes.

Camila foi morta na Rua Liberdade, no Boqueirão, momentos após descer de um ônibus fretado que a trouxe de São Paulo. Ela estava a poucos metros de casa, quando levou o tiro e teve roubada sua bolsa. A jovem ainda carregava uma maleta contendo processos, mas que os ladrões supostamente imaginavam que poderia haver um notebook, conforme suspeita a polícia.

Em circunstâncias semelhantes, outra jovem também foi roubada na Ponta da Praia e uma testemunha reconheceu Nego Aldo e André como autores do crime, bem como a utilização do Verona. A partir daí, o delegado Maia pôde estabelecer o vínculo da dupla com a morte da procuradora do Estado, incluindo ainda Coxinha no rol de indiciados, por ser ele o dono do carro usado nos delitos.

Troca de informações ajuda na elucidação

A troca de informações entre investigadores do 7º DP, da Deas e da Dise também possibilitou estabelecer a relação que os acusados têm entre si e com o latrocínio de Camila, com o roubo da Ponta da Praia e com a extorsão mediante sequestro. Também não está descartada a participação dos acusados em outros delitos, ainda em fase de apuração.

No inquérito sobre a morte da procuradora, além do latrocínio propriamente dito, Coxinha, Nego Aldo e André também foram indiciados por tentativa de homicídio qualificado, porque o autor do tiro que matou Camila também disparou na direção de um carro dirigido por um advogado, irmão da vítima. O advogado viu a irmã ser baleada e por pouco também não foi atingido.

Formada em Direito há quatro anos, Camila era procuradora do Estado desde agosto de 2004, após passar por um concurso onde 11 mil candidatos disputaram 120 vagas. ‘‘Ela atendia casos de ações de alimentos, separações e outras questões da Vara de Família para pessoas que não podem pagar um advogado’’, explicou o procurador-geral do Estado, Elival da Silva Ramos.

Ainda conforme Ramos, ‘‘Camila era uma procuradora jovem que passou em um concurso dificílimo, depois de derrotar milhares de candidatos e que tinha uma carreira pela frente’’. Filha do taxista Nelson do Carmo Pereira e da dona-de-casa Helena Pires Pereira, Camila estava prestes a anunciar à família o seu noivado com o namorado, com quem mantinha relacionamento havia seis anos.

Fonte: A Tribuna Digital