ASSOCIAÇÃO DOS PROCURADORES DO ESTADO DE SÃO PAULO


 


 
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Heróis da estrada

Procuradores do "fundão" do estado percorrem centenas de quilômetros
 por semana para atender a todos os 150 municípios ligados às regionais

L ongas e esburacadas estradas, sol forte, calor próximo de 40º C. Mas os procuradores que atuam no "fundão" do estado – nas regionais de Presidente Prudente, Araçatuba e Marília – não temem distâncias nem dificuldades, que não são poucas. Atravessam vários municípios no idealista propósito de defender o interesse público, como ou onde for. 

Tem procurador que percorre até 2 mil quilômetros por semana. É chegar à comarca, ir ao fórum, carregar e descarregar processos. Depois fazer todo o caminho de volta. Viajam em carro próprio. A maioria não recebe sequer a quilometragem, para as despesas com combustível. O pagamento foi extinto e só os mais antigos ainda têm direito. Diária, só se o percurso levar mais de seis horas e proporcionalmente, um terço do valor a cada seis horas. Os carros sofrem com as péssimas condições das estradas e o desgaste também pesa no bolso dos procuradores.

Todos fazem um pouco de tudo. Além de procuradores, são digitadores, carregadores, motoristas, e até fazem serviço de "office-boy".

E esperam, como no mais todos os procuradores, a chegada de novos concursados para aliviar um pouco o pesado fardo do excesso de trabalho. Cada regional tem suas peculiaridades, mas todos mantêm firme o propósito de defender o Estado. O orgulho de pertencer à carreira de procurador não se abala pelas dificuldades que se avolumam. Uns mais, como em Araçatuba, outros menos, a exemplo de Marília, todos vivem a contradição: defendem os interesses do Estado, zelam pelos cofres públicos, assistem pessoas necessitadas, mas vêm a carreira ser desprestigiada com trabalho demais e recursos de menos. Se ser procurador de Estado é ser herói, no fundão do estado é ser super-herói.

Na barranca do Rio –
Instalados no prédio do antigo Fórum de Presidente Prudente, os catorze procuradores sofrem com a falta de espaço – um deles é obrigado a atuar na biblioteca. Também aguardam ansiosos a chegada de novos colegas com quem dividir o fardo de 15 mil processos entre Assistência Judiciária, Contencioso Judicial, Fiscal e Imobiliário além da consultoria "informal" que é prestada por telefone sempre que surge necessidade em um dos 52 municípios abrangidos pela regional. Além da comarca de Presidente Prudente, as maiores, entre as vinte da região, são Presidente Venceslau, Teodoro Sampaio, Dracena e Adamantina.

Os procuradores da "barranca do rio" – como chamam a "quina" geográfica entre os rios Paraná e Paranapanema –, ainda têm de lidar com as questões fundiária e carcerária. É na região de Presidente Prudente que se localiza o Pontal do Paranapanema, berço do MST. E também uma imensidão de terras não envolvidas em conflitos, mas ocupadas histórica e indevidamente, cuja principal batalha é assegurar seu retorno ao verdadeiro dono, o Estado. É também por lá que fica o presídio de Presidente Bernardes, onde está o traficante Fernandinho Beira-Mar.

Reformas –
Os doze procuradores que atuam na regional de Araçatuba têm um problema a mais para administrar em relação aos demais colegas do fundão. O prédio ocupado pela Procuradoria, uma antiga loja de departamentos, está literalmente caindo, uma reforma é premente. Eles tiram dinheiro do próprio bolso para dar ao ambiente de trabalho alguma qualidade e organização. As divisórias que separam os departamentos e as salas dos procuradores foram doadas pelo Ministério Público, que estava se desfazendo delas.

O portão do estacionamento caiu, o muro quebrou e não há verba para realizar o conserto. Um barracão nos fundos é espécie de depósito de sucata, mas, com a tão esperada reforma, poderia abrigar mais salas e oferecer algum conforto à imensa população que acorre à assistência judiciária todos dos dias. Se há problemas demais, não há trabalho de menos: são 43 municípios dos quais doze comarcas e uma vara distrital. No geral, são responsáveis por cerca de 20 mil processos.

A "ilha" – Com perdão do trocadilho, Marília é uma ilha de tranqüilidade rodeada por um mar de problemas, principalmente se comparada à regional de Araçatuba. O prédio ocupado pelos doze procuradores também é do antigo Fórum, construído na década de 40, como em Prudente. Mas uma reforma realizada em 1993 revigorou o local. Há salas, equipamentos e boa infra-estrutura para todos. Se os problemas são os mesmos, a satisfação pelo reconhecimento que vem do gabinete parece tornar melhores os dias dos procuradores da regional de Marília. O trabalho, no entanto, não é menor: são cerca de 15 mil processos ao todo, numa região que conta com quinze presídios e cerca de 14 mil presos.

Leia mais sobre as regionais que atendem o fundão do estado nas próximas páginas.

Fontes: Procuradorias Regionais e site da Secretaria de Economia e Planejamento de SP

PRESIDENTE PRUDENTE

Área: 24.000 km2. Municípios: 52. Comarcas: 20. Procuradores: 14. Total de processos: 15.000. População da região: 791.000 habitantes. População da cidade-sede: 191.000 habitantes. Participação na arrecadação de SP: 1,06%

ARAÇATUBA

Área: 18.588 km2. Municípios: 43. Comarcas: 12 (mais 1 Vara Distrital). Procuradores: 12. Total de processos: 20.000. População da região: 677.000 habitantes. População da cidade-sede: 170.000 habitantes. Participação na arrecadação de SP: 1,55%

MARÍLIA

Área: 18.450 km2. Municípios: 55. Comarcas: 13 (mais 5 Varas Distritais). Procuradores: 12. Total de processos: 15.000. População da região: 896.000 habitantes. População da cidade-sede: 200.000 habitantes. Participação na arrecadação de SP: 1,45%

 

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